sexta-feira, abril 16

a nudez das coisas

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a fala fragmentada sopra delicadezas viris, coisa de quem tem aquele não-sei-quê-especial.

ainda inerte no lugar onde escolhi para ficar durante três horas ininterruptas, ouço-sinto um tilintar exalando dizeres para-todos [em certos momentos ecoa endereçado, pois aventuras antropológicas se fazem em qualquer lugar..]

naquela hora, todas as minhas certezas, tão sólidas quanto a neve que nunca vi, derretem-se. coisa de quem se deixa fluir um tanto demais. penso: "tome tento, moça! seu refúgio e seus livros são um caminho certo para a sensatez."

nunca foi o meu forte, a sensatez. sendo assim, me jogo do 15° andar e sinto um turbilhão híbrido rasgando a 360km/h o meu peito nu.

o olho humano também é nu. apasar das lentes de correção, há um invísivel e infinito escarcéu de seres inanimados e impressões corriqueiras que nunca saberemos se são reais ou não.

"menina, se não pensamos nelas, simplesmente não existem!" e a recíproca também é verdadeira.

olho a lua imagética num espelho cristalino e sussurro internamente: "deviam ser meus, os olhares fortuitos cuspidos em vão por aí.."

então, me encontre lá.

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segunda-feira, abril 12

atenção.flutuante

cheiro de café + leitura secreta de olhares resultam em divergências de linguagem. entre-linhas e cigarros, o realce de um iluminado caminho se transforma em [con]fusão de labirintos. soprando convites à transposição de imagens em espelhos d’ água, ritos e mitos sugerem um solstício singelo e rejuvenescedor. a película envolve assimetricamente a pele desejante. assim, debutaremos 72 horas sob complexo desenvolvimento de seqüências: vibrante documento de fantasias realistas.

segunda-feira, abril 5

lição de casa

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na sala fria e rarefeita de olhares,
o cabra é marcado para enternecer..
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vomite os seus segredos, não engavete os seus sentidos.
desenvoltura e perspicácia configuram um pião giratório.
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façamos, então, um plano que não permaneça apenas no plano das ideias.
venha! e mostre-me que podemos ser mais que criaturas contemplativas.
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necessidade física transfigurada em imagens,
sensação debutacional inexistente aos quinze.
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lindeza e doçura e lábios e voz e atos fatidicamente vexatórios.
voz doce, mesmo falando salgado.
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o suor é água de beber até a última gota,
todos os fluidos possíveis..
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e criemos outros mais, já que tenho sede insaciável.
tente: arranque-nos desse mar de morbidez.
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tu sabes? eu sei.
montemos juntos um quebra-cabeça..

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sábado, abril 3

fluidez

corro. e grito ao mundo que não há satisfação alguma em sentir-se plena. dê-me a mão. venha! corra comigo e grite também . corpos fluidos num tempo-espaço especialmente relativo. opiniões, gestos e sussurros comedidos não têm vez. necessito de um exagero descomunal e mítico. navalha afiadíssima perfurando cada milímetro da carne essencialmente lasciva e [por que não?] vulgar. nada de discrição: observe como se faz e ajoelhe-se. Não significa prece ou imitação. Apenas feche os olhos e sinta. não chore.

reminiscências

danço enquanto o corpo enlutado respinga gotículas de sonhos plastificados e devidamente compartimentados em caixotes de vento. não sei o que quero tampouco o que não quero. chuva e maresia me cortam a garganta. gilete? talvez pelas melancólico-bucólicas ruas de um certo ponto g. existe? oh, cientistas de todas as nacionalidades e especialidades não foram capazes de decifrar. ninguém melhor do que você: complicação personificada em sinônimo de defasagem intelectual. não se sabe o caminho, ele não existe: pulula em um jardim de inverno de coisas criadas e ponto [g?]