domingo, novembro 8

lúdicoretrô

cortar papel: colcha de retalhos em gravuras coloridíssimas, que falam sobre si tanto quanto o seu psicanalista.
a conversa, os formatos, as escolhas e a ajuda despretensiosa vêm embaladas por ternas ondinhas douradas [cachos, vez em quando]
tudo-tudo intercalado pela visceral disputa entre mário e luigi [empacada pela condição de não saber nadar, ou melhor, voltar à superfície após o mergulho]
ensinar-apreder-ensinar-aprender. e não necessariamente nessa ordem.

segunda-feira, outubro 26

bi[s]


o cuidado que não houve quando mais precisou do calor-ardor que outrora afogava o corpo-receptáculo exausto e trêmulo e sôfrego e impulsivo. um colchão pouco confortável vestindo uma colcha de poás embala os sonhos que nunca aconteceram. indecifráveis? desvencilhou-se das amarras, mas o olhar que clama por aprovação e cumplicidade é uma outra história. noites insones, pálpebras pesadas e desassossego significam afastar o medo e agüentar o peso. desorganização mental e estética dentro e fora de si. o filme que nunca foi visto, a música que nunca dançou, o livro que nunca chega ao fim e a pintura interna que não usou aquarela, é tudo no preto e no branco. bicolor e consensual, apenas.

sexta-feira, setembro 25

. sossego

pernas por que te quiero?
a passos largos vou em direção oposta a que deveria ser seguida.
corra!
que lá vem confusão mental.

quinta-feira, setembro 24

. descaminho



noites insones e suspiros a perder de vista os sentidos fazem flutuar. sempre com o gosto e o cheiro e o calor que não pára, não pára, não pára. tão inúteis são os pensamentos em certos momentos, que me abstenho de tentar ordenar qualquer coisa que seja. concentro-me sem visar um objetivo. quando penso, eu estrago tudo. sou individual e tenho pressa, então narro fatos rapidamente para que eles fiquem guardados tal qual pérolas mornas. hoje, tenho um corpo espantado. agora quero fluxo, luxo e luxúria: lúdico.

quarta-feira, setembro 9

. Brincando de/com acaso

.
invariável..
como 2+2=4.
viajei em terras longínquas e
e encontrei um mundo..
verdades, mentiras..
e, incrivelmente, realidade.
inusitada..
como um sorriso alcoólico,
eu te vi..
envenenar-se com o ópio
de nossa vida irredutível.
com o ócio da nossa loucura
experimentei dúvidas intransponíveis,
esgotando-as em copos de vinho azedo.
em todas as metáforas
e em simplórias formas físicas,
eu lembro de ti..
e penso como pode ser 1+1=3..
nossa fórmula!
originada de nossa psicodelia
e usada somente para definir os nossos padrões.
nossos. nossa.

.

quarta-feira, setembro 2

. ofício

sede-fome-vontade-taquicardia-insônia-ansiedade-licenciosidade.. anthropological blues: melancolia de um lado e de outro da vida. quero demais, vejo demais, ouço demais [pulsação extremada]. o que aparentemente soa dificuldade, na verdade é simplificação. amplio o universo de compreensão e marejo os olhos. simplifico complicando.

segunda-feira, agosto 31

. hoje

a contradição pesado-leve é sempre ambígua e misteriosa. Somos todos pesados e leves simultaneamente. às vezes mais uma coisa que outra, outras vezes o contrário. compromisso e envolvimento trazem consigo um fardo, e isso não necessariamente é bom ou ruim. é apenas um fardo. difícil mesmo é manter-se leve nessa vida corrida e difícil, cheinha de pessoas que correm demais e que amam de menos. eis a questão: ser pesado, ser leve, estar no meio ou transitar entre esses opostos [opostos?]. sei que agora quero flores, beliscões, algodão doce.. E hoje sou leve.

domingo, agosto 30

. meu

Ele é o mais perfeito dos pares. O humor mais ácido que existe. Com ele não preciso me preocupar se estou sendo irônica demais, sarcástica demais [com quase todos os outros isso é uma preocupação constante]. Talvez o problema esteja mesmo em mim, falo do negócio de ser irônica demais. Não sei. Só sei que ele não se incomoda, muito pelo contrário, ele gosta e é meu par nisso também. Os almoços são harmoniosos, comemos pouquinho em quantidade e muito bem em qualidade [para termos que pagar pouco], e isso apenas com ele dá certo. O cinema é um deleite só, mesmo quando vemos um filme que não é de seu agrado, porque ele consegue fazer disso um evento tão refinado e leve, que se torna sombrio e melancólico. Dá pra entender? Em profundidade, o entendimento nesse caso só é possível depois de assistir Sonho de Cassandra com ele tendo c-e-r-t-e-z-a que se tratava de Vick, Cristina, Barcelona. Perambular pelo centro bucólico-decadente de fortaleza num sol escaldante à procura de óculos wire fair branco com dois reais na bolsa, também só tem garça com ele. Meu par perfeito de conversas espirituosas, de risadas escandalosas e de compras fictícias ou não. A Praça do Ferreira depois dele nunca mais será a mesma, porque uma promoção tão tentadora [constitua sua família por apenas 69,90!] acontece apenas em sua presença. Ah! E n-u-n-c-a ouse jogar o papel da tentadora promoção no chão de pedrinhas portuguesas.

quarta-feira, agosto 26

. lisongeiramente, nos sufoca

Tá. Acreditei por algum tempo que a dupla perfeita era sorvete de maracujá e tapioca. Mas esse negócio de perfeição é conversa fiada. Porque coco e maracujá podem perfeitamente refrescar e adocicar a vida de duas pessoas. Especialmente quando elas não escolheram uma música [duas, três ou quatro!] para dançar, mas sim aquela que toca inesperada e tão previsivelmente em lugares absolutamente inapropriados para a dança. Lugares esses que são tão seus e dos outros ao mesmo tempo, que a confusão parece não se desfazer nunca. Mas se desfaz [desfaz?] quando as conversas cúmplices giram tanto que elas ficam tontas de tanto vai-e-vem de acontecimentos, lugares, planos, pessoas, indecisões, dúvidas, meninos, moças, crianças e sonhos [irrealizáveis ou não, quem sabe?]. Olhando de relance ninguém acredita, mas vendo além do óbvio fica bem claro. O problema talvez se encontre bem aí. Quem é que consegue [ou se propõe, que seja] a ver essas florzinhas para além de suas pétalas transadas e da hora? Vejo tanto os olhinhos brilhantes e com vontade de abocanhar o mundo, que não consigo ver mais nada. Então me dou conta: a cegueira é coletiva. A doutrina é a da perdição. Hierarquia valorativa entre as teorias pós-modernas e as teorias clássicas? Não. Mas, de fato, a poesia, a arte e a literatura que saltam dos teus olhos, ouvidos e boca nos acalentam e aninham num peito muito mais cheio de amor, dor e inquietações. Ah, e isso nós temos. Estamos vivas e nos permitimos viver. E tenho dito.