segunda-feira, agosto 31

. hoje

a contradição pesado-leve é sempre ambígua e misteriosa. Somos todos pesados e leves simultaneamente. às vezes mais uma coisa que outra, outras vezes o contrário. compromisso e envolvimento trazem consigo um fardo, e isso não necessariamente é bom ou ruim. é apenas um fardo. difícil mesmo é manter-se leve nessa vida corrida e difícil, cheinha de pessoas que correm demais e que amam de menos. eis a questão: ser pesado, ser leve, estar no meio ou transitar entre esses opostos [opostos?]. sei que agora quero flores, beliscões, algodão doce.. E hoje sou leve.

domingo, agosto 30

. meu

Ele é o mais perfeito dos pares. O humor mais ácido que existe. Com ele não preciso me preocupar se estou sendo irônica demais, sarcástica demais [com quase todos os outros isso é uma preocupação constante]. Talvez o problema esteja mesmo em mim, falo do negócio de ser irônica demais. Não sei. Só sei que ele não se incomoda, muito pelo contrário, ele gosta e é meu par nisso também. Os almoços são harmoniosos, comemos pouquinho em quantidade e muito bem em qualidade [para termos que pagar pouco], e isso apenas com ele dá certo. O cinema é um deleite só, mesmo quando vemos um filme que não é de seu agrado, porque ele consegue fazer disso um evento tão refinado e leve, que se torna sombrio e melancólico. Dá pra entender? Em profundidade, o entendimento nesse caso só é possível depois de assistir Sonho de Cassandra com ele tendo c-e-r-t-e-z-a que se tratava de Vick, Cristina, Barcelona. Perambular pelo centro bucólico-decadente de fortaleza num sol escaldante à procura de óculos wire fair branco com dois reais na bolsa, também só tem garça com ele. Meu par perfeito de conversas espirituosas, de risadas escandalosas e de compras fictícias ou não. A Praça do Ferreira depois dele nunca mais será a mesma, porque uma promoção tão tentadora [constitua sua família por apenas 69,90!] acontece apenas em sua presença. Ah! E n-u-n-c-a ouse jogar o papel da tentadora promoção no chão de pedrinhas portuguesas.

quarta-feira, agosto 26

. lisongeiramente, nos sufoca

Tá. Acreditei por algum tempo que a dupla perfeita era sorvete de maracujá e tapioca. Mas esse negócio de perfeição é conversa fiada. Porque coco e maracujá podem perfeitamente refrescar e adocicar a vida de duas pessoas. Especialmente quando elas não escolheram uma música [duas, três ou quatro!] para dançar, mas sim aquela que toca inesperada e tão previsivelmente em lugares absolutamente inapropriados para a dança. Lugares esses que são tão seus e dos outros ao mesmo tempo, que a confusão parece não se desfazer nunca. Mas se desfaz [desfaz?] quando as conversas cúmplices giram tanto que elas ficam tontas de tanto vai-e-vem de acontecimentos, lugares, planos, pessoas, indecisões, dúvidas, meninos, moças, crianças e sonhos [irrealizáveis ou não, quem sabe?]. Olhando de relance ninguém acredita, mas vendo além do óbvio fica bem claro. O problema talvez se encontre bem aí. Quem é que consegue [ou se propõe, que seja] a ver essas florzinhas para além de suas pétalas transadas e da hora? Vejo tanto os olhinhos brilhantes e com vontade de abocanhar o mundo, que não consigo ver mais nada. Então me dou conta: a cegueira é coletiva. A doutrina é a da perdição. Hierarquia valorativa entre as teorias pós-modernas e as teorias clássicas? Não. Mas, de fato, a poesia, a arte e a literatura que saltam dos teus olhos, ouvidos e boca nos acalentam e aninham num peito muito mais cheio de amor, dor e inquietações. Ah, e isso nós temos. Estamos vivas e nos permitimos viver. E tenho dito.